13 de março de 2012

Ela...


Ela levou machado e rastelo nas costas. Porque sentiu que estava na hora de capinar, como o avô dizia. Tirar as plantas daninhas para as boas nascerem livres. 

Ela sabia como separar o joio do trigo. Porque das artes da terra, ela sabia todas. Culpa do avô, que a levava para a roça desde pequena. Assim, aprendeu a gostar das coisas do campo, mais que da cidade. 

Gostava de céu azul. Gostava de mato e flores do campo. Cantava junto com as seriemas e os bem-te-vis. Passava horas observando o joão de barro construir sua casa. 

E foi assim que ela se criou. Se fez forte que nem terra roxa. Aprendeu a tirar espinho de joá com a ponta dos dedos. E a chorar só quando tinha vontade. Mas era de beleza e só. 

Porque ela vê o belo como algo sublime. E isso a atordoa por alguns minutos. O belo ainda a faz chorar. O triste, ela deixa guardado a sete chaves. E reza pra que nunca precise tirá-lo de lá.

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